Davi Kopenawa, nascido em 1956, vive
na aldeia yanomami de Watoriki, situada ao pé da serra do Demini ("serra
do Vento"), no estado do Amazonas. Seu grupo de origem foi quase
inteiramente aniquilado no alto rio Toototobi (perto da fronteira venezuelana)
por duas epidemias sucessivas após contatos estabelecidos com o Serviço de
Proteção ao Índio (SPI) e com a missão evangélica Novas Tribos do Brasil (NTB)
(1959-60, gripe [?]; 1967; sarampo) Criança, Davi Kopenawa perdeu, assim, a
maior parte dos membros de sua família.
Davi Kopenawa Yanomami
Xamã e líder dos índios na Floresta Amazônica
Em seguida sofreu, e depois rejeitou,
o proselitismo dos missionários da NTB, abandonando na adolescência sua região
natal para trabalhar na Fundação Nacional do Índio (Funai) como intérprete. No
começo dos anos 80, fixou-se em Watoriki, ali se casando com a filha do líder
da comunidade, xamã renomado que o iniciou e, tradicionalista convicto,
permanece seu mentor.
Ele é hoje a um só tempo chefe do
posto indígena Demini e um dos mais influentes xamãs de Watoriki. A invasão de
suas terras por cerca de 30 a 40 mil garimpeiros custou a vida, entre 1987 e
1990, de mais de mil Yanomami no Brasil. Chocado com essa tragédia que reavivou
nele a lembrança das que dizimaram sua família nos anos 60, Davi Kopenawa
engajou-se em uma luta incansável contra a destruição de seu povo e da floresta
de sua terra. Graças a sua experiência com os brancos e à firmeza intelectual
que lhe confere o saber xamanístico, tornou-se rapidamente o principal
porta-voz da causa yanomami, no Brasil e no mundo. Visitou, ao longo dos anos
80 e 90, vários países da Europa e os Estados Unidos. Recebeu, depois de Chico
Mendes, o prêmio Global 500 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
e, recentemente, a Ordem de Rio Branco ao grau de cavaleiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário