Marc Ferro |
Formado em História, Marc Ferro (nascido em 1924) é historiador francês de grande importância e de destaque entre os historiadores. No inicio de sua carreira teve dificuldade de ingressar na carreira acadêmica, mas com ajuda de Fernand Braudel, um dos mais importantes historiadores da França, conseguiu mostrar sua importância ao mundo. É um dos principais nomes da 3ª geração da "Escola dos Annales". Ferro é conhecido por ter sido o pioneiro, no universo historiográfico, a teorizar e aplicar o estudo da chamada relação cinema-história. Como acadêmico, foi co-diretor da revista Les Annales (Économies, Sociétés, Civilisations), ensinou na l’École polytechnique, foi diretor de estudos na IMSECO (Institut du Monde Soviétique et de l’Europe Central e Oriental), membro do Comitê de redação do Cahiers du monde russe et soviétique e professor visitante nos EUA, Canadá, Rússia e Brasil. Sua estadia na Argélia, em pleno fervor revolucionário, também não pode ser esquecida. De volta a França, ajudou a organizar comitês de solidariedade aos argelinos. Em 1996, esteve no Brasil (Salvador-Bahia), participando de um simpósio internacional: A Guerra de Espanha e a relação cinema-história, organizado pela Oficina Cinema-História (UFBA). “História das colonizações” um dos ensaios mais abrangentes já produzidos sobre o fenômeno das colonizações na história moderna e contemporânea. Com a erudição e a clareza que caracterizam seu trabalho, Ferro trata da expansão colonial européia, traçando uma visão histórica comparativa com outros colonialismos, entre eles o árabe, o turco e o japonês. No final, após fazer o balanço da chamada descolonização do pós-guerra, ele propõe o interessante conceito de "imperialismo multinacional", forma atual de controle sobre os países pobres e que advém da mundialização da economia e da globalização de estruturas de poder político para além das fronteiras dos estados nacionais.
Wuldson Marcelo Formação Bacharelado de Filosofia
A História Vigiada
Em livro escrito no ano de 1985, mas publicado aqui quatro anos depois, o historiador Marc Ferro fazia um alerta sobre as limitações impostas aos historiadores profissionais. Assim, já no prefácio do livro, Ferro tecia considerações importantíssimas sobre aspectos da produção do saber histórico em nossa atual condição "pós-moderna" que merecem uma análise crítica. Ferro principia seu escrito sinalizando para uma convicção pessoal de que "hoje, mais do que nunca, a história é uma disputa." Afinal, conforme ele acertadamente aponta, "controlar o passado sempre ajudou a dominar o presente". Para Ferro, portanto, quanto maior fosse a difusão do saber, maiores e mais rigorosos seriam o controle sobre a produção histórica. Controle este emanado do Estado e de seus organismos, mas também da sociedade, que se dedicaria a fazer todo tipo de "censura e autocensura" a "qualquer análise que possa revelar suas interdições, seus lapsos, que possa comprometer a imagem que uma sociedade pretende dar de si mesma". O historiador francês então exemplifica recorrendo ao cinema e suas produções "históricas" para frisar que, nos Estados Unidos, em que a produção de westerns (os famosos filmes sobre o Velho Oeste) é infinita, existem "muito poucos filmes históricos em que os negros sejam colocados em cena". O mesmo podendo ser dito, continua Ferro, acerca das nações indígenas. Por conseguinte, "a sociedade freqüentemente impõe silêncios à história; e esses silêncios são tão história quanto a história". Assim, precisamos nos perguntar, ao lado de Ferro:
"sobre as condições que determinam a produção e a natureza das obras históricas, quer dizer, que temas elas privilegiam, de que maneira os abordam e como esses dados evoluíram através do tempo”.
Referencia: Blog Minhas Idéias - Lair - Historiador, 36 anos, Mestre pelo PPGHC /UFRJ, membro dos grupos de pesquisa "O Jesus Histórico e sua recepção" e "História, Memória e Literatura Bíblica", investiga o Judaísmo e o Cristianismo do século I.
Nenhum comentário:
Postar um comentário